24 de fevereiro de 2012

Conto de um Eremita


Conta-se que um eremita, umas dessas pessoas que, por amor a Deus se refugiava na solidão das grutas para se dedicar somente a oração e a penitencia.
Muitas vezes reclamava que tinha muito que fazer.

Uma vez um homem indagado perguntou como era possível que, em sua solidão, tivesse tanto trabalho.

Prontamente respondeu.

Tenho que domar 2 Falcões, treinar 2 Águias, manter quietos 2 Coelhos, carregar 1 burro, vigiar 1 Serpente e domar 1 Leão.

O homem olhando a sua volta:


Não vemos nenhum desses animais perto do local onde vives. Onde estão estes animais?

O eremita então explicou:

 Estes animais todos nós temos, vocês também. Vejam só:

Os dois Falcões se lançam sobre tudo que aparece, seja bom ou mau. Tenho que domá-los para que só se fixem sobre uma boa presa. São meus Olhos.

As duas Águias ferem e destroçam com suas garras. Tenho que treiná-las para que sejam úteis e ajudem sem ferir. São minhas Mãos.

Os dois Coelhos querem ir aonde lhes agrada, fugindo dos demais e esquivando-se das dificuldades. Tenho que ensina-los a ficarem quietos, mesmo que seja penoso, problemático ou desagradável. São meus Pés.

O Burro é muito obstinado, não quer cumprir com suas obrigações. Alega estar cansado e se recusa a transportar a carga de cada dia. É o meu Corpo.

O mais difícil é vigiar a Serpente, apesar dela estar presa, numa jaula de 32 barras. Está sempre pronta para morder e envenenar os que a rodeia. Se não vigio de perto causa danos. É a minha língua.

Finalmente preciso domar o Leão. Quer ser o rei, vaidoso e orgulhoso, o mais importante. É o meu Coração.

Preparem para a festa maior que é a Páscoa, a Ressurreição da Vida em Nós!

16 de fevereiro de 2012

Quaresma























Na Bíblia, o número quatro simboliza o universo material. Os zeros que o seguem significam o tempo de nossa vida na terra, suas provações e dificuldades. Portanto, a duração da Quaresma está baseada no símbolo deste número na Bíblia.

Nela relatada as passagens dos quarenta dias do dilúvio, dos quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, dos quarenta dias de Moisés e Elias na montanha, dos 400 anos que durou a estada dos judeus no Egito, dos quarenta dias que Jesus passou no deserto antes de começar sua vida pública. Esses períodos vêm sempre antes de fatos importantes e se relacionam com a necessidade de ir criando um clima adequado e dirigindo o coração para algo que vai acontecer.

A Umbanda não é uma vertente católica, mas alguns conceitos foram adotados e a vida do Nazareno é acompanhada pela bíblia toda sua trajetória.

A Quaresma pra quem realmente é cristão, que acredita em Jesus Cristo independente da religião deve respeitar a data como um momento de reflexão essencialmente, o período é um retiro espiritual onde nos recolhemos em oração e penitência.

Nós umbandistas sabemos que o Meigo Nazareno não quer que soframos por Ele, mas sim que coloquemos em prática suas lições de amor, fé, caridade e fraternidade, virtudes que pregou quando encarnado com alicerces seguros para a evolução da humanidade.

Fazer da Quaresma um tempo favorável de avaliação de nossas opções de vida e linha de trabalho, para corrigir os erros e aprofundar a vivencia da fé, abrindo-nos a Deus, aos outros e realizando ações concretas de fraternidade, de solidariedade que não podemos parar, pois o socorro é sempre urgente.

Não somente durante a Quaresma, mas em todos os dias de sua vida, o cristão deve buscar o Reino de Deus, ou seja, lutar para que exista justiça, a paz e o amor em toda a humanidade.

A Umbanda é a manifestação do espírito para a caridade e caridade é o próprio Cristo em ação.

12 de fevereiro de 2012

Pretos Velhos - Mestres Espirituais


Pretos–Velhos trabalham e atua para evolução e seu campo preferencial é aquele que sinaliza a passagem de um nível ou estágio para o outro.
 
Evoluir é crescer mentalmente, é ascender numa linha de vida de forma contínua e estável.
Os Pretos–Velhos com semblantes serenos, humildes e seu linguajar com sotaque inconfundível esconde um espírito vivo em conhecimento, vivido e esperto que só um velho sábio tem por despertar.
Não é uma entidade ligada somente a cura, mas também do bem-estar, da busca de dias melhores, de melhores condições de vida.
Assim como o Orixá Obaluaê, Senhor do Campo Santo, Supremo, com qualidades Divinas do próprio Criador é evocado em questões relacionadas a passagem de espíritos recém desencarnados, despertando em cada um deles uma vontade irresistível de seguir adiante, de alcançar um nível de vida superior para assim chegar o mais perto de Deus.
Em sua maioria não podemos só dizer que todas as linhagens de Pretos-Velhos eram escravos sofridos pela Era Escravagista no Brasil. Médicos, professores, juízes, curandeiros, entre outros, que se identificam com a linhagem que precisam transmitir vossos conhecimentos com certa humildade nas palavras, com seu modo pacato, um tanto rústico, mas, todavia amorosos sempre a zelar por seus filhos.

Muitos deles já cumpriram sua missão, mas seu profundo amor indiscriminado pela humanidade, sua tolerância os ascendeu ao patamar de Mestres Espirituais e, mesmo assim continuam a praticar a caridade.
Vemos os Pretos-Velhos caminhando com certa dificuldade se auxiliando, as vezes de bengalas, parecendo cansados pela idade avançada, carregando grandes pesos nas costas, correntes, carmas do passado, são muitos os mitos irreais que cercam essa linha de trabalho.
Todo ser natural de Obaluaê incorpora curvado, o mesmo acontece com os Pretos-Velhos, que trabalham sob a sua irradiação, então o vemos caminhando lentamente, mas quando se assentam nos banquinhos de consulta, aí são vivazes, observadores e sábios sem deixar de serem simples.
Ligados diretamente ao poder de cura irradiados por Obaluaê, por serem profundos conhecedores das ervas, orações e todos os poderes ocultos e magísticos do universo.
Sua guia ou fio de conta é de cores brancas e pretas em sua maioria utilizam terços ou rosários.
Entre um pito no cachimbo, benzimento e palavras confortantes trazem a paz de espírito para os consulentes, pois ele é o próprio equilíbrio com um bem-estar e sabedoria incrível.
Quem nunca conversou com um Preto-Velho ou Preta-Velha que achou e acreditou que após se levantarem todos os problemas já tinham sido resolvidos e findados por completo.
Assim são Eles, os nossos Pretos-Velhos da Umbanda!

Salve todo Preto-Velho
Adorei as Almas.

9 de fevereiro de 2012

Lágrimas de uma Mãe

Aquela Mãe acordara triste aquele dia com o peito apertado, uma angústia sem motivo aparente.
Passou o dia todo pensativa, foi para o terreiro mais cedo que o normal.
Entrou, saudou sua tronqueira e caminhou para o interior do templo, parou na porta, olhou o piso, as paredes, o teto, cada detalhe que não são percebidos ao longo das giras.
Foi devagar até o Congá, parou e ficou a olhando cada imagem, cada detalhe, cada risco, quanto amor colocado ali para que tudo fosse realizado, para que assim um sonho fosse concretizado, quanta luz aquele altar já havia irradiado, quantas bênçãos.

Olhou a imagem de Ogum grande guerreiro, quantas lutas. Olhou os Pretos-Velhos, quanta sabedoria e humildade. Olhou Oxum e Cosme Damião que transmite tanto  amor, e assim foi percorrendo todas as imagens daquele seu altar até se deter na imagem de Oxalá, imponente, no mais alto posto do congá que tudo vigiava, mas seus olhos já não podiam ver claramente, pois as lágrimas enchera os olhos e corriam pelo seu rosto.
Ajoelhou-se perante aquele altar e chorou suas lágrimas, uma a uma foram caindo, molhando o chão sagrado daquele templo.

As lágrimas daquela Babalaô pareciam falar.
Falavam da incompreensão das pessoas, de quantos já haviam passado por aquele templo e nunca mais voltaram. Falavam dos rancores e das oportunidades perdidas.
Falavam dos seus filhos que vieram até suas mãos que os acolheu e acalentou até que eles estivessem prontos para trilharem novos caminhos.
Falavam daqueles que partiram para o plano espiritual e deixaram saudades.

Uma a uma as suas lágrimas foram caindo e cada uma delas lhe falava ao coração, até que a última lágrima rolou pelo seu rosto, esta era cristalina e parecia algo a dizer:
Eu sou o próprio Oxalá que vive em você, posso rolar pelo seu rosto e ir ao chão, mas jamais deixarei de estar em seu coração, continue a amparar meus filhos que o recompensarei com as asas da liberdade eterna.
Aquela Babalaô levantou-se lavou o rosto e realizou a melhor gira de Umbanda de sua vida até aquele dia.

Abençoou todos os seus filhos e compreendeu seu trabalho.

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